Ampliação da competência da Justiça do Trabalho: Anamatra encerra segundo dia de webinário temático  

Evento reuniu, em dois dias de debates, autores e autoras de nova obra coletiva da Enamatra

Foram concluídas, nesta terça (4/5), as exposições dos autores e autoras da obra coletiva “A Competência da Justiça do Trabalho 15 Anos após a Emenda Constitucional 45/2004: ampliação, limites e avanços necessários", organizada pela Escola Nacional Associativa dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Enamatra). Os debates ocorreram no Webinário “80 anos da Justiça do Trabalho e 15 anos da Emenda Constitucional 45/2004”, evento promovido pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) e transmitido pelas redes sociais da entidade (Youtube, Facebook e Twitter).

O segundo e último dia do evento foi conduzido pelo diretor de Cidadania e Direitos Humanos, Marcus Barberino, e pela diretora e Formação e Cultura da Anamatra e diretora da Enamatra, Luciana Conforti. A magistrada, uma das coordenadoras da obra coletiva e vice-presidente eleita para o biênio 2021/2023, assina, juntamente com o juiz do Trabalho Leandro Fernandez, da 6ª Região, o artigo “A Lei Geral de Proteção de Dados e o poder judiciário trabalhista como garantia dos direitos fundamentais e personalíssimos”.

“Iniciamos as nossas reflexões com a preocupação sobre a atuação do Poder Judiciário para a proteção dos direitos fundamentais relacionada à LGPD, pontuando sobre a competência, mas, principalmente, sobre o grande desafio de compatibilizar o princípio da publicidade processual, em especial, com a proteção dos dados pessoais e sensíveis que são altamente divulgados e divulgáveis em processos judiciais”, explicou Conforti. Segundo a magistrada, a questão transcende a questão do sigilo processual, demandando do magistrado e da magistrada uma tensão maior no multitratamento dos dados do processo.

Entre as palestrantes do segundo dia também esteve a presidente da Anamatra, Noemia Porto, que assina, juntamente com o diretor de Prerrogativas e Assuntos Jurídicos da entidade, Marco Freitas, o artigo intitulado “O julgamento definitivo da ADI 3395/STF e a competência da Justiça do Trabalho para as demandas dos servidores públicos”.

Em sua participação, a magistrada falou da evolução jurisprudencial da temática dos servidores públicos no Supremo Tribunal Federal (STF), passando pela Constituição de 1988, a ampliação da competência com a EC 45/2004 e decisões posteriores. Segundo a magistrada, os lítigios que decorrem de “relações jurídico-administrativas” mantidas entres os servidores e o ente público, a exemplo dos temporários, são de competência da Justiça Especializada, mas, de fato, houve diversas decisões conflitantes neste campo.

“Além disso, é importante reafirmar que prestar o concurso público é condição para inserção válida no serviço público, na condição de estatutário. Se isso não ocorreu, por violação constitucional, a relação, independentemente da denominação do cargo ou da posição do contratado, indica a competência da Justiça do Trabalho para dirimir as respectivas controvérsias da contratação nula”, completou Noemia Porto.

Entre os dirigentes da Anamatra que participam da obra também está o diretor de Aposentados, José Aparecido dos Santos. Em sua intervenção no webinário, na qual falou sobre o tema de artigo de sua autoria "Cobranças de contribuições sindicais devidas por servidores públicos estatutários", o magistrado chamou a atenção para os limites da análise gramatical, que sempre acrescenta algo no texto e envolve, em muitos casos, um ponto de vista ideológico, especialmente nas decisões quanto às competências de julgamento, o que tem se mostrado incongruente. “A interpretação gramatical nunca é do tipo ‘a = a’, em que se dá a mera substituição de um termo por seu sinônimo. Sempre é acrescentado algum sentido ao texto e é isso o que fez o STF ao interpretar o inciso III do art. 114 da Constituição”, explicou.

Ao longo deste do último dia de evento, também foram abordados temas como: a responsabilidade por dano processual trabalhista (juízes Edna Barbosa e Gustavo Jacques Costa); a eliminação da escravidão contemporânea no Brasil (auditor fiscal do Trabalho Emerson Costa de Sá, juiz Igo Correa e advogado Anderson Vital da Silva); a teoria do centro de gravidade (juízas Maíra de La Cruz e Silvia Teixeira do Vale); trabalhadores em plataformas digitais (juiz Otávio Bruno da Silva Ferreira e desembargadora Suzy Elizabeth Koury); interdito proibitório (advogada Priscila Gomes Franco e juiz Humberto D’Ávila Rufino); dano processual (advogado Ricardo Jorge Medeiros Tenório); julgamento de litígios inter e intrasindicais (magistrados Saulo Tarcísio de Carvalho Fontes e Lucas Silva de Castro); meio ambiente do trabalho (juiz Vitor Salino de Moura Eça e o procurador do Trabalho Bruno Gomes Borges da Fonseca); contribuição da Justiça do Trabalho para a redução da precariedade do trabalho por plataformas digitais (juiz Xerxes Gusmão); critério da unidade de convicção (juiz Luciano Athayde Chaves); e julgamento sobre trabalho escravo (professora Shirley Silveira Andrade).

80 anos da Justiça do Trabalho – No encerramento do evento, a diretora de Formação e Cultura da Anamatra, Luciana Conforti, lembrou os 80 anos da Justiça do Trabalho, uma história, em sua avaliação, marcada por força, que vem do reconhecimento social e da comunidade jurídica da sua importância histórica na pacificação das relações trabalhistas; sensibilidade para análise das várias vertentes do trabalho, das suas metamorfoses e transformações; e resiliência para sobreviver, apesar de todas as dificuldades, aos ataques institucionais, ao desprestígio orçamentário e estrutural, entre outros problemas.

“Em homenagem as oito décadas de existência da Justiça do Trabalho e aos mais de 15 anos de aumento da sua competência, para o conhecimento de todas as controvérsias relacionadas com as relações de trabalho e não só de emprego, a Anamatra e a Enamatra organizaram o presente seminário. Fomentando o debate sobre temas estruturais e essenciais à competência do Poder Judiciário Trabalhista, também homenageamos as magistradas e magistrados do Trabalho, que desempenham a árdua tarefa de construir a jurisprudência do trabalho digno e protegido no brasil”, declarou Conforti, ao agradecer os autores e autoras da nova obra da Enamatra.

Confira a íntegra do segundo dia do webinário no canal da TV Anamatra no Youtube:

Receba nossa newsletter

SHS Qd. 06 Bl. E Conj. A - Salas 602 a 608 - Ed. Business Center Park Brasil 21 CEP: 70316-000 - Brasília/DF
+55 61 3322-0266
Encarregado para fins de LGPD
Dr. Marco Aurélio Marsiglia Treviso
Diretor de Assuntos Legislativos da Anamatra
Utilizamos cookies para funções específicas

Armazenamos cookies temporariamente com dados técnicos para garantir uma boa experiência de navegação. Nesse processo, nenhuma informação pessoal é armazenada sem seu consenso. Caso rejeite a gravação destes cookies, algumas funcionalidades poderão deixar de funcionar.