3º Encontro de Lideranças Associativas debate desafios para a equidade de gênero

Encontro promovido pela Comissão Anamatra Mulheres reuniu magistradas do Trabalho de todas as regiões do Brasil

Debater os desafios para a equidade de gênero no âmbito associativo e no Poder Judiciário. Esse foi o objetivo do 3º Encontro das Lideranças Associativas, promovido, na tarde desta sexta (18/3), pela Comissão Anamatra Mulheres. O evento, conduzido pela presidente Comissão Anamatra Mulheres e vice-presidente da Anamatra, Luciana Conforti, reuniu dezenas magistradas associadas, indicadas pelas 24 Amatras, além de Presidentes de Amatras, diretoras da Associação Nacional e integrantes da Comissão.

O encontro contou com saudação do presidente da Anamatra, Luiz Colussi. “Deixo aqui expressa a minha alegria de ver tantas colegas atuando nessa questão que, para nós, é essencial”. Colussi também falou do compromisso da entidade com a paridade de gênero. “Um dos exemplos foi a realização do ato, na Câmara dos Deputados, pela ratificação da Convenção 190 da OIT, uma construção coletiva de iniciativa da nossa Associação, pela Comissão Anamatra Mulheres”.

A presidente da Comissão Anamatra Mulheres explicou que o Encontro é uma oportunidade de falar sobre temas que empoderam as magistradas mulheres, qualificando-as politicamente para que possam ocupar lugares de destaque nos tribunais e nas associações. “Para que possamos chegar com a nossa palavra, com a nossa visão feminina, com um outro olhar em todos os lugares”, explicou. A magistrada também falou da construção coletiva do Encontro e das demais ações da Comissão Anamatra Mulheres, com a participação efetiva do presidente Colussi e demais membros da diretoria.

A palestrante do evento foi a professora Ana Paula de Oliveira Sciammarella, que falou sobre a sua tese de Doutorado em Sociologia e Direito pela Universidade Federal Fluminense, com o tema “Magistratura e Gênero: uma análise da condição profissional feminina no Judiciário Fluminense”, que deu origem a livro com o mesmo título. “O Encontro de hoje já acena para um novo formato, uma nova dinâmica, uma apropriação por parte da Magistratura e dos movimentos associativos, que são grandes protagonistas na incorporação perspectiva de gênero”, avaliou. Segundo a professora, o evento é uma espécie de materialização de alguns achados de sua pesquisa. A docente disse ter ficado muito satisfeita com o formato do Encontro, que demonstrou diversidade, tanto no aspecto raça, quanto nas gerações e regiões das magistradas.

Após a palestra houve debate, mediado pela secretária-geral da Anamatra, Viviane Leite, com a participação da vice-presidente da Amatra 5 (BA), Manuela Hermes e das magistradas do Trabalho Silvana Abramo (Amatra 2/SP) e Áurea Sampaio (Amatra 1/RJ).

Oficinas - A dinâmica do Encontro, dividido em quatro grupos, permitiu a todas lideranças indicadas falarem dos desafios das vidas das mulheres que integram o sistema de justiça, maternidade, metas e progressão na carreira, dificuldade de acesso e julgamento sob perspectiva de gênero com recorte étnico, entre outros temas.

“O convite que a Comissão Anamatra Mulheres é para que vocês abram o coração para debater desafios, desconfortos, ideias naturalizadas”, explicou a juíza Bárbara Ferrito (Amatra 1/RJ) integrante da Comissão Anamatra Mulheres como representante da Região Sudeste e coordenadora acadêmica das oficinas, a quem coube introduzir o debate. Entre esses desafios, mencionou, está o fato de as magistradas serem obrigadas a ‘performar’ uma postura que se espera delas, pelo fato de serem juízas.

Nos grupos, as magistradas trabalharam duas oficinas: a primeira sobre a ideia de essencialização, o mito da autonomia e o mito da submissão; e a segunda sobre mito da beleza, segundo o qual o valor da mulher está relacionado à sua beleza, um elemento externo que é definido não pela própria mulher, mas pela sociedade (patriarcal), como uma forma de controle social. Cada grupo foi mediado por duas integrantes da Comissão Anamatra Mulheres: a diretora de Comunicação da Anamatra, Patrícia Sant’Anna (Amatra 12/SC), Natália Queiroz (Amatra 10/DF e TO), Cléa Couto (Amatra 1/RJ), Patrícia Maeda (Amatra 15/Campinas e Região), Viviane Martins (Amatra 5/BA), Gabriela Lacerda (Amatra 4/RS), Elinay Ferreira (Amatra 8/PA e AP), Vanessa Sanches (Amatra 9/PR), além da presidente da Comissão Anamatra Mulheres e da juíza Bárbara Ferrito, que coordenou os trabalhos.

Antimachismo - O Encontro contou com participação especial da advogada, professora doutora e escritora Ruth Manus, autora do livro “Antimachismo - para Pessoas de Todos os Gêneros”, publicado pela editora Sextante e que foi presenteado às participantes do Encontro. Colunista do jornal português Observador e da revista Glamour no Brasil, Manus é autora de outros seis livros, entre eles: “Um dia ainda vamos rir de tudo isso” e “Mulheres não são chatas, mulheres estão exaustas”.


“Fico feliz de ver o debate sobre a questão de gênero ser real, sobre as bases”, afirmou, ao analisar as diferentes “fases” pelas quais o debate passou. Manus falou da importância não apenas da presença quantitativa das mulheres no Direito, mas da inclusão de fato. “A inclusão diz respeito a muitas coisas, entre elas a gente ter o direito de ser profissionalmente a mulher que a gente é fora do ambiente profissional. Os homens não precisam vestir personagens para trabalhar”, observou.



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