Webinário promovido pela Enamatra/Anamatra debate os desafios do combate ao racismo no Poder Judiciário

Discussão foi mediada pelo diretor de Aposentados da Anamatra, José Aparecido dos Santos, e reuniu especialistas no tema

“Racismo dentro do Poder Judiciário - barreiras, dificuldades e boas práticas”. Este foi o tema central discutido no último dia do webinário Racismo Estrutural e Mercado de Trabalho, promovido pela Escola Nacional Associativa dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Enamatra) e pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), sendo transmitido pelas plataformas da associação (Facebook, Instagram e YouTube). O diretor de Aposentados da Anamatra, José Aparecido dos Santos, que abriu as atividades do dia, atuou como moderador dos debates.

Na primeira exposição do dia, a juíza do Trabalho da 5ª Região/BA e Mestra em Direito Público pela Universidade Católica de Salvador, Manuela Hermes de Lima, parabenizou a iniciativa da Anamatra ao realizar o evento, especialmente no mês da consciência negra, destacando a importância de Zumbi dos Palmares para o movimento de resistência negra. “É importante lembrar da população negra, como símbolo de resistência, de honra da nossa ancestralidade, que tem neste dia 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra, o seu marco”.

A magistrada abordou a temática do racismo estrutural e institucional, a sua configuração na sociedade e a sua manifestação no Judiciário, as soluções e políticas judiciárias a respeito do tema. Hermes de Lima destacou o excelente trabalho desenvolvido pelo Grupo de Trabalho Políticas Judiciárias sobre a Igualdade Racial no Âmbito do Poder Judiciário, instituído pelo CNJ - do qual a juíza fez parte -, que resultou na construção do “Relatório de atividade - Igualdade Racial no Judiciário”, que apresenta diversas proposições de inclusão e de combate ao racismo. “A partir de agora, basta que os tribunais se adiantem na implementação dessas medidas, porque é necessário e urgente que haja mudança nas práticas institucionais que são responsáveis pela reprodução e aprofundamento das desigualdades”, alertou.
Clique aqui e confira o relatório na íntegra.

Na sequência, a Doutora e mestre em Direito Político e Econômico pelo Mackenzie, professora Direito da FGV e Coordenadora de Sistemas das Relações de Trabalho da OAB/SP, Alessandra Benedito, trouxe reflexões sobre como as instituições, e não só o Judiciário, tem impactado e contribuído para a permanência e manutenção do racismo. Na visão da docente, o grande desafio na luta contra a discriminação está na construção de uma nova mentalidade na sociedade e, consequentemente, nas instituições. “Quem forma as instituições são pessoas, que são fruto de uma sociedade que é racista e viveu quase 400 anos de escravidão, em um processo que naturaliza a exclusão. Esse processo de naturalização equaciona os privilégios dos grupos hemogênicos e gera aos discriminados obstáculos de acesso a oportunidades e criam um imenso grupo de pessoas vulneráveis”.

Nesse sentido, a professora aponta a imposição de dominação como a forma utilizada para perpetuar de hierarquização entre os grupos sociais. “O racismo institucional e todo o seu modus operante se consolida também no Poder Judiciário e colabora para essa estrutura de dominação, para a manutenção dos privilégios”.

Para Benedito, é necessário romper com todas as estruturas, adotando políticas públicas e práticas institucionalizadas, com representatividade social, cultural, fazendo uso de normas repressivas, além da implementação de ações capazes de apaziguar, dirimir e equacionar essas discriminações que se consolidam na história, mas que, ainda hoje, mantém desigualdades.

Receba nossa newsletter

SHS Qd. 06 Bl. E Conj. A - Salas 602 a 608 - Ed. Business Center Park Brasil 21 CEP: 70316-000 - Brasília/DF
+55 61 3322-0266
Encarregado para fins de LGPD
Dr. Marco Aurélio Marsiglia Treviso
Diretor de Assuntos Legislativos da Anamatra
Utilizamos cookies para funções específicas

Armazenamos cookies temporariamente com dados técnicos para garantir uma boa experiência de navegação. Nesse processo, nenhuma informação pessoal é armazenada sem seu consenso. Caso rejeite a gravação destes cookies, algumas funcionalidades poderão deixar de funcionar.