Críticas à reforma trabalhista marcam audiência pública promovida pela OAB

Anamatra aponta inconstitucionalidades do PLC nº 38/2017 

A Anamatra participou nesta terça (16/5) de audiência pública sobre a reforma trabalhista promovida pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados no Brasil (OAB). O evento, prestigiado por diversas autoridades do Judiciário, da advocacia e do Ministério Público, entre outras, foi marcado por duras críticas ao PLC nº 38/2017 por seus efeitos na supressão ou precarização de direitos trabalhistas.

O vice-presidente da Anamatra e presidente eleito, Guilherme Feliciano, representou a entidade no debate. Também levaram a sua preocupação sobre o projeto de lei ministros do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Guilherme Caputo Bastos, Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Augusto César Leite de Carvalho e  Alexandre Agra Belmonte

“Tem sido espalhada uma grande cortina de fumaça, inclusive pelo relator, de que não se está retirando direitos. Eu entendo que é legítimo que o Governo e parlamentares afinados com essa proposta defendam as suas ideias, mas algumas falácias não podem ser repetidas. E essa é evidente”, disse Feliciano ao citar direitos que a reforma elimina, como o pagamento pelas horas de trajeto.

Feliciano também apontou diversas inconstitucionalidades do PLC nº 38/2017, a exemplo da possibilidade de negociação coletiva para reduzir direitos como enquadramento de insalubridade e prorrogação de jornada, do pagamento de salário por produtividade, de entraves ao acesso à Justiça, dos atentados à independência técnica do juiz do Trabalho, inclusive com a tarifação da indenização por dano moral, entre outras restrições inconstitucionais à atuação do magistrado trabalhista. 

Sobre as novas modalidades contratuais que o projeto traz, o vice-presidente avalia que nas oportunidades em que a proposta poderia avançar, não o fez. Nesse ponto, o vice-presidente citou o trabalhador a distância (teletrabalho), que não terá direito a horas extras, mesmo que, tecnicamente, seja possível o controle de jornada. “A proposta introduz a jornada flexível, intermitente, figura que não existe, nesses termos, nos países do Cone Sul. Qualquer trabalhador poderá ser contratado nessa modalidade e o nosso receio é que haja uma trágica migração de postos de trabalho decente para postos precarizados”, disse, citando o exemplo do México. 

Ao final de sua intervenção, o vice-presidente apontou o fato de o projeto não considerar como norma de saúde, segurança e higiene no trabalho as regras sobre duração do trabalho e intervalo. “Eis o futuro.
Isso não é modernização, é retrocesso”, finalizou. 

Tramitação - No Senado, o projeto da reforma trabalhista passará por três comissões permanentes antes de ser votado pelo Plenário: Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), Assuntos Econômicos (CAE) e Assuntos Sociais (CAS). Elas discutirão o texto simultaneamente, mas não há expectativa quanto a uma data para apresentação dos relatórios. 

Receba nossa newsletter

SHS Qd. 06 Bl. E Conj. A - Salas 602 a 608 - Ed. Business Center Park Brasil 21 CEP: 70316-000 - Brasília/DF
+55 61 3322-0266
Encarregado para fins de LGPD
Dr. Marco Aurélio Marsiglia Treviso
Diretor de Assuntos Legislativos da Anamatra
Utilizamos cookies para funções específicas

Armazenamos cookies temporariamente com dados técnicos para garantir uma boa experiência de navegação. Nesse processo, nenhuma informação pessoal é armazenada sem seu consenso. Caso rejeite a gravação destes cookies, algumas funcionalidades poderão deixar de funcionar.