Metas para o Judiciário devem ser democratizadas, diz Anamatra

Atual modelo “simplesmente nos afasta do ideal de Justiça”, afirma diretora de Prerrogativas e Assuntos Jurídicos da entidade

A instituição de metas de desempenho pode significar um importante passo para o aperfeiçoamento do Poder Judiciário. "Para esse resultado ser exitoso, contudo, é imprescindível que o processo de construção dessas metas seja efetivamente democrático", disse a diretora de Prerrogativas e Assuntos Jurídicos da Anamatra, Maria Rita Manzarra. Ela participou hoje (25/11) do painel "O futuro da Justiça segundo a Magistratura" durante o 9º Encontro Nacional do Poder Judiciário, evento promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). 

Segundo a diretora, o atual modelo precisa ser repensado. No entender da Anamatra, é necessária a adoção de um modelo que considere as especificidades, diversidades e os gargalos regionais. "É preciso estabelecer, portanto, a análise das condições de trabalho de cada órgão, de cada unidade, a fim de se certificar que existem condições mínimas para a prestação jurisdicional", disse a magistrada. Ela salientou que a fixação de metas quantitativas, que não consideram a estrutura e condições de trabalho dos juízes e servidores, não conduz a um modelo eficiente, "simplesmente nos afasta do ideal de Justiça".

Maria Rita Manzarra foi mais adiante. Para a diretora, se o objetivo é o aprimoramento do Judiciário, "é chegada a hora de se reconhecer a insuficiência de metas quantitativas e se priorizar a instituição de metas estruturantes, de se permitir a ampla democratização no processo de criação dessas metas, ouvindo-se os destinatários diretos, os magistrados e servidores dos tribunais".

Em sua intervenção no debate – do qual tanbém participaram representantes da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) – a diretora da Anamatra chamou a atenção para a importância da Resolução nº 194 do CNJ, que instituiu a política de atenção prioritária à primeira instância, e também da Resolução nº 195, que dispõe sobre a distribuição de orçamento entre o primeiro e o segundo graus.

Em relação à Justiça do Trabalho, o relatório Justiça em Números, do CNJ, mostrou a desproporção entre a primeira e a segunda instâncias. "O futuro da Justiça também passa pela efetiva implementação das resoluções e também pela imprescindível aprovação de ato normativo que prevê a equalização, a distribuição da força de trabalho proporcionalmente à demanda", salientou.

Maria Rita Manzarra observou que a política de metas não deve ficar restrita à aferição meramente quantitativa do número de processos ajuizados e julgados. E questionou: "a partir de quando nossas metas irão considerar indicadoressociais ou sociológicos? O que será mais importante: saber quantas decisões foram produzidas por cada magistrado e em qual prazo ou se esta decisão contribuiu para a realização da justiça, resolvendo ou reduzindo o conflito?"

Na conclusão, a diretora da Anamatra, tocou em um ponto sensível, a saúde dos magistrados, manifestando preocupação com os elevados níveis de absenteísmo, altos índices de afastamento por depressão e estresse ocupacional. "Não podemos continuar concentrados no atingimento de metas e nos descurar desta impactante realidade. O modelo atual, tal como posto, gera uma maior carga de pressão sobre juízes e servidores e contribui, sobremaneira, para o agravamento deste quadro já tão preocupante", encerrou.

________________________________________________
É permitida a reprodução, total ou parcial, do conteúdo publicado no Portal da Anamatra mediante citação da fonte.
Assessoria de Imprensa
Anamatra
Tel.: (61) 2103-7991

Receba nossa newsletter

SHS Qd. 06 Bl. E Conj. A - Salas 602 a 608 - Ed. Business Center Park Brasil 21 CEP: 70316-000 - Brasília/DF
+55 61 3322-0266
Encarregado para fins de LGPD
Dr. Marco Aurélio Marsiglia Treviso
Diretor de Assuntos Legislativos da Anamatra
Utilizamos cookies para funções específicas

Armazenamos cookies temporariamente com dados técnicos para garantir uma boa experiência de navegação. Nesse processo, nenhuma informação pessoal é armazenada sem seu consenso. Caso rejeite a gravação destes cookies, algumas funcionalidades poderão deixar de funcionar.