O ministro João Oreste Dalazen conseguiu duas façanhas antes de deixar a Corregedoria do TST, há um mês: botou muito juiz sossegado pra trabalhar e provocou um racha sem precedentes entre a base e a cúpula da Justiça do Trabalho. Sua gestão acabou com uma ação no Supremo e outra no CNJ. Ambas da Anamatra, a associação dos juízes trabalhistas, contra atos da Corregedoria do TST.
Juízes reclamam que Dalazen fez exigências impossíveis de cumprir e criou regras e punições não previstas em lei. Ministros do TST reconhecem que o colega passou do ponto em alguns casos. Mas também o defendem. Tanto que pelo menos cinco ministros se desfiliaram da Anamatra. Eles julgaram grosseiros os ataques da associação ao tribunal e dizem que Dalazen fez, talvez, a mais completa radiografia dos problemas da Justiça do Trabalho.
Furacão trabalhista
Dalazen, que desde março é vice-presidente do TST, mostrou na Corregedoria que não tem medo de fazer desafetos. Quando viu problemas, não se omitiu. Deu nome aos bois e apontou condutas, sem se importar com a fama de chefe-carrasco. Já há juízes em campanha pra que ele não tome posse da Presidência do tribunal, daqui a dois anos. Para tanto, contam com uma decisão que o CNJ deverá tomar, com base na Loman: a que determina que magistrados só podem ocupar cargos de direção em tribunais por quatro anos. No caso de Dalazen, dois como corregedor e dois como vice. E ponto final.
Gota d’água
Para completar o racha, o atual presidente, ministro Milton de Moura França, pegou um resíduo de recursos que deveria ser dividido entre todos os juízes e distribuiu só entre os ministros. A Anamatra chiou forte e mandou outra carta ao tribunal, em termos que um respeitado ministro do TST tachou de grosseria. Moura França ficou ressentido e passou recibo: não aceitou que a Anamatra bancasse a festa de sua posse no TST, como é a tradição. Foi a posse mais humilde dos últimos tempos.